quarta-feira, 12 de maio de 2010

Administração do Parque dos Três Picos diz que não foi notificada sobre projeto

TEXTO NA ÍNTEGRA, PUBLICADO NO DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
Colaboração Marcello Medeiros

"Novo acesso para Teresópolis causa polêmica


- Administração do PETP diz que não foi notificada sobre projeto. Ambientalistas questionam

O anúncio da retomada de um projeto que teve início na década de 70 e foi finalizado no início da década seguinte visando a construção de outro acesso para Teresópolis, via floresta do Jacarandá, causa polêmica entre ambientalistas e vizinhos da área, que fica dentro do Parque Estadual dos Três Picos. O Chefe da Unidade de Conservação diz que nem ele e nem o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) foram notificados sobre a possibilidade da construção de uma estrada naquela área. “Ficamos sabendo através de reportagens sobre o assunto, mas ninguém nos procurou para tratar da suposta construção dessa rodovia”, enfatiza Théo Panagoulias, em entrevista na redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV, onde mostrou o Plano de Manejo do PETP e o mapa de todo o parque, em destaque o trecho onde passaria a nova rodovia – justamente uma área intangível, onde a Mata Atlântica se manteve totalmente preservada ou conseguiu se recuperar a ponto de atrair espécies dadas como extintas dessa região, como a Onça-Parda.


O projeto dessa rodovia alternativa foi encomendado pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) a Planta Engenharia e Consultoria, em 1973. A nova pista, que seria utilizada como rota de subida, teria pouco mais de 25 quilômetros e terminaria no bairro do Meudom, acessado nas proximidades do Jacarandá. O contrato para a consultoria foi firmado em 17 de agosto de 1973 e aprovado pelo Conselho Administrativo do DNER em 13 de setembro do mesmo ano, batizado como “Projeto de Engenharia da Rodovia BR-116, trecho Santa Guilhermina-Teresópolis, sub-trecho Parada Modelo Teresópolis”. A conclusão dos estudos só aconteceu em 1981.


O grande diferencial daquela época para a atualidade é o pensamento em preservação ambiental. Em 1982, justamente um ano depois da conclusão do projeto, foi criada a APA da Floresta do Jacarandá. Em 2002, o Parque Estadual dos Três Picos - que incorporou grande parte da área anterior, até a divisa com a estrada Rio-Bahia. No ano passado, o PETP foi ampliado: a unidade, que já era a maior do estado, passou de 47 mil para 64 mil hectares. “Falar em uma estrada nessa região hoje é falar em causar um grande dano ambiental em uma área que mantém vários pontos intactos ou que conseguiram se recuperar a muito custo”, lembra Théo.


Também de acordo com ele, com o anúncio da possibilidade de construção da nova rodovia as caixas de e-mail da unidade ficaram lotadas com mensagens de frequentadores, ambientalistas e membros do Conselho Consultivo buscando mais informações. “As pessoas estão me parando na rua querendo saber o que está acontecendo. O problema é que nós não fomos consultados sobre essa suposta estrada e não podemos sequer emitir um posicionamento do que está acontecendo porque não temos informações precisas”, explica o Chefe do PETP. “O que conseguimos sobre a rodovia foram reportagens. As analisando, descobrimos que teria início justamente no Paraíso, em Guapimirim, onde hoje funciona uma Estação Ecológica, que é muito mais restritiva do que um parque, só para citar. A estrada terminaria na Fazenda Maria da Prata, vizinha ao local onde será construída a sede Teresópolis do Três Picos e que também estamos buscando a desapropriação para ampliar a área de lazer nessa futura sede”, completa.


Cidade pode perder ICMS


O PETP abrange os municípios de Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Nova Friburgo, Guapimirim e Teresópolis. 80% de sua área é composta por Mata Atlântica secundária em estado avançado de regeneração. Trata-se de Unidade de Conservação extremamente importante para o Mosaico Central Fluminense permitindo a conexão sentido Oeste-Leste entre o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a baixada litorânea da Região dos Lagos em Silva Jardim. No sentido Norte-Sul liga a região serrana com a baixada litorânea da baía de Guanabara. O PETP é responsável pela produção de água para vários municípios como parte de Teresópolis, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Itaboraí e Região dos Lagos. Grande parte da produção agrícola do Estado também depende da água produzida no PETP. No caso do Jacarandá, este é responsável por cerca de 20% do abastecimento de Teresópolis.


“Não somos contra o desenvolvimento. Pelo contrário. Achamos que a cidade tem que crescer. Mas não dessa maneira, através de intervenções sem um pensamento ambientalmente correto. Esse projeto está completamente desatualizado, é de uma época quando não havia o parque e muitas áreas não eram ocupadas”, atenta Théo, lembrando que, além da rodovia, o dano ambiental poderia ser maior devido a construção de postos de gasolina e outros meios necessários para o conforto e segurança dos usuários dessa suposta pista.


Outra questão levantada com a construção de uma rodovia cortando o PETP é que Teresópolis teria uma grande perda de ICMS Ecológico, repassado de acordo com a criação e preservação de unidades de conservação, qualidade da água e tratamento de resíduos sólidos.


Atentos à possibilidade da abertura dessa pista, ambientalistas criaram um blog para discutir o assunto. O endereço é o http://sosjacaranda.blogspot.com

CRÉDITO E LEGENDA
Marcello Medeiros


THÉO
Chefe do PETP, Théo Panagoulias lembra que rodovia passaria justamente em uma área intangível, onde a Mata Atlântica se manteve totalmente preservada ou conseguiu se recuperar a ponto de atrair espécies dadas como extintas dessa região, como a Onça-Parda

(MAPA)
O projeto dessa rodovia alternativa foi encomendado pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) a Planta Engenharia e Consultoria, em 1973. A nova pista, que seria utilizada como rota de subida, teria pouco mais de 25 quilômetros e terminaria no bairro do Meudom, acessado nas proximidades do Jacarandá."

Você pode ver a reportagem na página on line do Diário de Teresópolis, clicando AQUI.
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