TEXTO NA ÍNTEGRA, PUBLICADO NO DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
Colaboração Marcello Medeiros
"Novo acesso para Teresópolis causa polêmica
- Administração do PETP diz que não foi notificada sobre projeto. Ambientalistas questionam
O anúncio da retomada de um projeto que teve início na década de 70 e foi finalizado no início da década seguinte visando a construção de outro acesso para Teresópolis, via floresta do Jacarandá, causa polêmica entre ambientalistas e vizinhos da área, que fica dentro do Parque Estadual dos Três Picos. O Chefe da Unidade de Conservação diz que nem ele e nem o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) foram notificados sobre a possibilidade da construção de uma estrada naquela área. “Ficamos sabendo através de reportagens sobre o assunto, mas ninguém nos procurou para tratar da suposta construção dessa rodovia”, enfatiza Théo Panagoulias, em entrevista na redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV, onde mostrou o Plano de Manejo do PETP e o mapa de todo o parque, em destaque o trecho onde passaria a nova rodovia – justamente uma área intangível, onde a Mata Atlântica se manteve totalmente preservada ou conseguiu se recuperar a ponto de atrair espécies dadas como extintas dessa região, como a Onça-Parda.
O projeto dessa rodovia alternativa foi encomendado pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) a Planta Engenharia e Consultoria, em 1973. A nova pista, que seria utilizada como rota de subida, teria pouco mais de 25 quilômetros e terminaria no bairro do Meudom, acessado nas proximidades do Jacarandá. O contrato para a consultoria foi firmado em 17 de agosto de 1973 e aprovado pelo Conselho Administrativo do DNER em 13 de setembro do mesmo ano, batizado como “Projeto de Engenharia da Rodovia BR-116, trecho Santa Guilhermina-Teresópolis, sub-trecho Parada Modelo Teresópolis”. A conclusão dos estudos só aconteceu em 1981.
O grande diferencial daquela época para a atualidade é o pensamento em preservação ambiental. Em 1982, justamente um ano depois da conclusão do projeto, foi criada a APA da Floresta do Jacarandá. Em 2002, o Parque Estadual dos Três Picos - que incorporou grande parte da área anterior, até a divisa com a estrada Rio-Bahia. No ano passado, o PETP foi ampliado: a unidade, que já era a maior do estado, passou de 47 mil para 64 mil hectares. “Falar em uma estrada nessa região hoje é falar em causar um grande dano ambiental em uma área que mantém vários pontos intactos ou que conseguiram se recuperar a muito custo”, lembra Théo.
Também de acordo com ele, com o anúncio da possibilidade de construção da nova rodovia as caixas de e-mail da unidade ficaram lotadas com mensagens de frequentadores, ambientalistas e membros do Conselho Consultivo buscando mais informações. “As pessoas estão me parando na rua querendo saber o que está acontecendo. O problema é que nós não fomos consultados sobre essa suposta estrada e não podemos sequer emitir um posicionamento do que está acontecendo porque não temos informações precisas”, explica o Chefe do PETP. “O que conseguimos sobre a rodovia foram reportagens. As analisando, descobrimos que teria início justamente no Paraíso, em Guapimirim, onde hoje funciona uma Estação Ecológica, que é muito mais restritiva do que um parque, só para citar. A estrada terminaria na Fazenda Maria da Prata, vizinha ao local onde será construída a sede Teresópolis do Três Picos e que também estamos buscando a desapropriação para ampliar a área de lazer nessa futura sede”, completa.
Cidade pode perder ICMS
O PETP abrange os municípios de Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Nova Friburgo, Guapimirim e Teresópolis. 80% de sua área é composta por Mata Atlântica secundária em estado avançado de regeneração. Trata-se de Unidade de Conservação extremamente importante para o Mosaico Central Fluminense permitindo a conexão sentido Oeste-Leste entre o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a baixada litorânea da Região dos Lagos em Silva Jardim. No sentido Norte-Sul liga a região serrana com a baixada litorânea da baía de Guanabara. O PETP é responsável pela produção de água para vários municípios como parte de Teresópolis, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Itaboraí e Região dos Lagos. Grande parte da produção agrícola do Estado também depende da água produzida no PETP. No caso do Jacarandá, este é responsável por cerca de 20% do abastecimento de Teresópolis.
“Não somos contra o desenvolvimento. Pelo contrário. Achamos que a cidade tem que crescer. Mas não dessa maneira, através de intervenções sem um pensamento ambientalmente correto. Esse projeto está completamente desatualizado, é de uma época quando não havia o parque e muitas áreas não eram ocupadas”, atenta Théo, lembrando que, além da rodovia, o dano ambiental poderia ser maior devido a construção de postos de gasolina e outros meios necessários para o conforto e segurança dos usuários dessa suposta pista.
Outra questão levantada com a construção de uma rodovia cortando o PETP é que Teresópolis teria uma grande perda de ICMS Ecológico, repassado de acordo com a criação e preservação de unidades de conservação, qualidade da água e tratamento de resíduos sólidos.
Atentos à possibilidade da abertura dessa pista, ambientalistas criaram um blog para discutir o assunto. O endereço é o http://sosjacaranda.blogspot.com
CRÉDITO E LEGENDA
Marcello Medeiros
THÉO
Chefe do PETP, Théo Panagoulias lembra que rodovia passaria justamente em uma área intangível, onde a Mata Atlântica se manteve totalmente preservada ou conseguiu se recuperar a ponto de atrair espécies dadas como extintas dessa região, como a Onça-Parda
(MAPA)
O projeto dessa rodovia alternativa foi encomendado pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) a Planta Engenharia e Consultoria, em 1973. A nova pista, que seria utilizada como rota de subida, teria pouco mais de 25 quilômetros e terminaria no bairro do Meudom, acessado nas proximidades do Jacarandá."
Você pode ver a reportagem na página on line do Diário de Teresópolis, clicando AQUI.
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